poésia

A poesia é uma metafísica instantânea. Num curto poema, ela deve revelar uma visão do universo e o segredo de uma alma, um ser e os objectos, em simultâneo. Se é simplesmente o tempo da vida, será menos que a vida. A poesia terá de viver acima de si mesmo, numa dialéctica das alegrias e dos tormentos. Ela será então o princípio de uma simultaneidade essencial, onde o ser mais disperso, mais desunido, conquista a sua unidade.

Todos as outros experiencias metafísicas são preparadas em intermináveis introduções, a poesia recusa os preâmbulos, os princípios, os métodos, as provas. Recusa a dúvida. Quanto muito precisará ela de um prelúdio de silêncio. A abordagem golpeada sobre palavras ocas, faz calar quase sempre a prosa, ou pelos garganteios que deixa na alma do leitor, ou pela continuidade de pensamento ou de murmúrio. Mais, depois das suas sonoridades vivas, ela produz o seu instante. É para construir um instante complexo, para unir sobre este instante as numerosas simultaneidades, que o poeta destrói a continuidade simples do tempo encadeado.

Em qualquer verdadeiro poema, podemos encontrar os elementos de um tempo parado, de um tempo que não é a medida, um tempo que chamaremos vertical, para o distinguir do tempo comum que é horizontalmente como a água do rio.

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